SOMOS POESIA AOS OLHOS DE UM ANALFABETO!!!!!!!!!!!!!!AINDA SOBRE SOLIDÃO!!!!!!!!!
Acredito que a solidão a dois seja uma das piores frustrações que uma pessoa possa experimentar.
Sabem quando alguém se casa sem amar e sem ser amado?
Falo daqueles “amores” arranjados, aqueles amores apressados por tanto temer a solidão, onde não há admiração, nem tesão, nem amor, pura e simplesmente pelo medo de ficar sozinho, não sabendo os envolvidos que a solidão mais destruidora é aquela que se experimenta ao lado de alguém.
Deve ser horrível sentir que o nosso abraço não encaixa no outro, pior ainda, é a certeza de que o outro não faz questão de ser abraçado por nós.
Deve ser desolador olhar para uma boca e não sentir sede de beijá-la, mesmo quando regressamos de uma longa viagem sem o nosso companheiro.
É constrangedor aquele sexo sem afecto, sempre.
Aquele toque que não diz nada.
Aquele ritual cronometrado e previsível como quem ‘pica o ponto’.
Aquele sexo puramente fisiológico, sem entrega, sem alma, cheio de reservas.
E depois, quando acaba, não existe aquela vontade de ficarem agarradinhos, sem falar nada.
Eu falo sobre a ausência da sensação de pertencer na própria relação, é sentir-se o tanto faz de um para o outro, é dar-se conta de que nossa ausência não é sentida, a nossa chegada não é festejada.
Certamente, tudo isto magoa e angustia o outro lá bem no fundo da alma.
Não quero dizer que relacionamentos felizes são aqueles cheios de desejo o tempo todo, mas é um facto que o desejo com uma certa frequência é vital para qualquer união.
Esmaga a autoestima de qualquer pessoa dar-se conta de que o companheiro não a conhece, não conhece a sua essência e nem faz questão de conhecer.
Não há interesse em aprofundar-se no outro, em olhar nos olhos de verdade, em decifrar os sorrisos ou os silêncios.
Juntos e tão sozinhos, desolados numa relação que não oferece aquilo que tanto anseiam: amar e ser amado.
Solidão a dois é aquele sentimento de que o outro não tem a senha para ter acesso à nossa intimidade mais autêntica e genuína.
É ser olhada mas não ser vista.
É ser poesia aos olhos de um analfabeto.