OUVISTE O QUE EU DISSE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Todos nós sabemos que há os que ouvem e os que não ouvem, há os que fingem que ouvem e os que fingem que não ouvem.
Saber ouvir não é um dom é uma arte, seja com os ouvidos ou com o coração.
Neste mundo de ouvintes é difícil encaixar os que não ouvem absolutamente nada, não ouvem o som do mar, o barulho do vento, o som das vozes, nem uma nota de música.
O mundo não foi desenhado para pessoas diferentes, logo os que não ouvem ficam deveras desprotegidos.
Os que ouvem não sabem nem imaginam o extraordinário dom que lhes foi dado, e dão-se ao luxo de fingir que não ouvem, ou fazem de conta que não ouvem.
Ouvir com respeito aquilo que nos dizem, prestar atenção a cada palavra e saber que houve algo que não foi dito esse então é um dom a que se pode chamar a arte de de saber ouvir. Ouvir de verdade.
Quantas vezes durante uma conversa não estamos no limiar de não ouvir, não estamos a prestar atenção, acenamos com a cabeça, concordamos com monossilabos ou vamos dizendo, "pois", "pois", todos fazemos isto, eu faço isto, mas o mais grave e que o fazemos de forma natural, não temos consciência que não estamos a ouvir nem metade do que nos está a ser dito, quem nunca?
As crianças são o verdadero fiscal do "verdadeiro ouvir", são como o policia, sempre prontos a panhar-nos na próxima esquina. pois queixam-se de imediato se não os estamos a ouvir, uma criança geralmente não perdoa os nossos "hum" "hum", quando nos fazem uma pergunta à qual não damos resposta, pois não nos damos ao trabalho de levantar os olhos do livro que estamos a ler ou do programa que estamos a assistir, elas insistem até obterem a nossa atenção. Lá está não perdoam!!!!
Nós ficamos de cabelos em pé com esta exigência mas na verdade elas estão apenas a pedir aquilo a que têm direito, ser ouvidas.
Saber ouvir é uma atitude consciente, uma disponibilidade interior permanente, cansa mas recompensa.
A minha filha já sabe bem bem quando não estou a ouvir e diz:
-Não ouviste nada do que disse pois não?
Sim é verdade, não ouvi nem uma única palavra e peço para ela repetir, contudo nesse aspecto tenho tenho sorte pois ela repete, mas no entanto existem aqueles que não o fazem, quais as consequências que poderão dái advir?
Falar é fácil eu sei e eu própria me cruxifico, mesmo com a minha mãe, a minha mãe tem o dom de divagar antes de chegar ao cerne da questão, e eu começo a revirar os olhos pois quero que seja direta, bolas porquê?
Quando reviro os olhos ela diz que já não fala, vira "bicho.
O defeito que não gosto nos outros, está na minha Mãe, mas bolas é a minha Mãe, que direito tenho eu de não perder um pouco de tempo para a ouvir,.
E quando não a puder ouvir?
Fala Mãe, divaga, faz-te ouvir.
Grande estúpida que eu sou, porque é que não deixo de ter pressa para fazer algo e ouvir o que me estão a dizer?
Para onde vou com tanta urgência que não possa dispensar uns minutos para ouvir a minha mãe?
Com a minha filha já aprendi, olhar para ela, ouvir atentamente e responder ou dar a minha opinião sobre o assunto em questão, é tão simples como isto.
Com a minha mãe estou a ir mais devagar, mas vou lá chegar, estou a aprender, aprender até morrer, digo sempre.
Contudo a minha mãe quando está a ver televisão não ouve ninguém, mas bolas ela é a mãe, eu sou a filha, quem aqui tem mais direitos e quem tem mais obrigações?
A única que a faz ouvir é a neta que tem o dom de não se calar, de ser chata, de a chamar constantemente até lhe ser dada a devida atenção, boa miúda faz-te ouvir!!!
Se pensarmos que o esforço para ouvir de verdade os outros nada significa quando comparado com a s várias tentativas, muitas vezes frustradas para se fazer entender daqueles que nunca ouviram e jamais ouvirão, damos o verdadeiro valor às conversas.
E acima de tudo damos mais atenção aos silêncios, pois muitas das vezes o silêncio tem o som de ouvir, contraditório não é? Mas é aquilo a que chamo o som do silêncio, saber ouvir, mantermo-nos calados e atentos.