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mãedocoraçãosoueu

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E NÃO É QUE DESCOBRI QUE ISTO É HEREDITÁRIO!!!!

Tal como já tinha mencinado anteriormente a minha mãe desde que me lembro tomou conta de crianças, aquilo que se chama "ama" os dedos da mão não chegam para contar o número de crianças que passaram pela nossa vida, digo nossa vida, porque eu ajudava-a a tomar conta das crianças.

Era uma amor incondicional pois todas elas eram muito especiais, e era nossa obrigação tratá-las como se fossem nossas, houve algumas a quem tive que comprar medicamentos e pomadas e outras coisas pois as mães não tinham poder económico, vinham de tal maneira! Não tomavam banho todos os dias, eu dáva-lhes, traziam assaduras brutais no rabinho eu comprava e colocava pomada, tudo isto não por negligência das mães mas por falta de condiçoes em casa, pois algumas traziam com elas histórias muito tristes e degradantes até.

As crianças não tinham que trazer nada, só as fraldas, tudo o resto nós dáva-mos.

Alías naquele tempo não havia fraldas descartáveis, eram de pano e era minha função pô-las de molho, lavá-las e secá-las, e o mais engraçado era o cuidado que tinhamos que ter para não os magoar com o alfinete, OH PÁ BONS TEMPOS.

Mas houve uma criança muito especial para nós, no início o que nos foi pedido pela mãe era única e apenas ir buscá-lo ao infantário para que a mãe não tivesse que pagar multa pois saía tarde do trabalho, mas o miúdo era de tal maneira tão adorável, gordinho, as mãozinhas muito rechonchudas, os pézinhos também, dava vontade de mordê-lo.

Começamos por ir buscá-lo ao fim da tarde, mas como nos apaixonamos de tal maneira pela criança, começamos a ir buscá-lo mais cedo, entretanto ele começou a gostar tanto de nós, que quando a minha mãe chegava ao infantário ele trepava por cima dos outros meninos para ir ao colo da Dona Julia.

Bem, falamos com a mãe e ficamos a tomar conta dele, entretanto criaram-se entre nós laços de amizade, e o menino lá ficou ao nosso encargo.

Mas a vida em casa deste menino não era fácil, não era de todo nada fácil que a minha mãe chegou a propor aos pais se o podia adoptar, se eles quisessem ela ADOPTAVA-O.

Mas os pais não aceitaram, apesar de todos os problemas, fases difíceis, muito difíceis entre o casal.

O Luis, é o nome do menino, o Luis dormia em nossa casa e era um menino tão encantador!!!

As coisas lá em casa começaram a correr melhor e ainda bem,entenda-se que a intenção da minha mãe não foi má,mas era tal o amor que ela nutria pelo menino que não gostava que ele vivesse naquele ambiente.

Ele foi crescendo e começou a chamar à minha mãe  "MÃE JULIA".

Se alguém lhe perguntasse quantas mães ele tinha ,respondia de imediato:

-Tenho duas

-E quem são?

-A mãe Julia e a mãe Nanda

-E pais quantos tens?

-Tenho um , o pai Toni

O miúdo era de tal modo tão inteligente que a minha mãe dizia-lhe:

-Filho estuda que a mãe Julia paga-te tudo, até a faculdade.

Mas o Luis não quis estudar, nem o nono ano fez, pois os problemas em casa pioraram e afetou-o de tal maneira que teve de receber tratamento psicológico,não gostava da escola e chorava sempre que a minha mãe o ia levar, alías chegava a fugir, deixava a minha mãe em lágrimas.

Houve alturas em que eu tinha que ir à escola para que ele me visse e ficava todo contente, a pofessora deixava que eu entrasse na sala para falar e estar um pouco à beira dele, para o acalmar.

Entretanto cresceu e meteu-se em situações muito complicadas, andava com pessoal complicado e mais tarde ou mais cedo ia parar à cadeia, era lider de um gang, todos o temiam, as pessoas iam ter com a minha mãe e diziam:

-Dona Julia o seu Luis , ai o seu Luis!!!

A minha mãe chorava, chorava, mas nada podia fazer ele era maior de idade, mas sempre a respeitou, mesmo estando acompanhado dos capangas, lá ia ter com ela ao "terreno" para a cumprimentar, e não admitia que alguém se metesse com ela, a minha mãe "perdeu" este filho mas não perdeu este amor. O amor verdadeiro não se perde. quem se ia perder era este filho do coração mas depois reecontrou-se e fez-se à vida.

Minha mãe rejubilou, o seu filho não estava perdido.

ESTE ERA O AMOR QUE ELE TINHA PELA SUA MÃE DO CORAÇÃO!!!!

 

Hoje o Luis tem 30 anos, emigrou para a Inglaterra aos vinte e tal, tornou-se um HOMEM, é gerente no "COSTA", mas com esta história da Inglaterra sair da Comunidade Europeia ele vem embora, e acima de tudo porque já tem uma filha e como as leis com as crianças é tão rigida, ele não quer lá ficar.

Já esteve em Andorra a trabalhar num hotel, e toda agente o adorava, mas começou a stressar e a tomar calmantes, pois não aguentava lá estar, era um sítio muito parado, não dava para ele.

Sempre que cá vem , lá vem visitar a mãe Julia, sempre.

E foi assim que descobri, isto de amar crianças que não são do nosso sangue é hereditário, herdei da minha mãe.

 

 

 

A ADOPÇÃO - DUAS HISTÓRIAS MUITO PARECIDAS FOI O DESTINO QUE AS UNIU

Só agora me apercebi que a Diana e a minha mãe têm duas histórias muito semelhantes, daí o amor incondicional que a avó sente pela neta.

A História da avó

Foi abandonada aos 4 anos de idade juntamente com mais três irmãos e entrgues a uma tia, que para além de já ter os seus filhos, ser muito pobre, os aceitou.

A minha avó apoós ter-se separado do primeiro marido e ter casado segunda vez, decidiu ficar com os filhos do segundo marido.

Entregues à tia os irmãos tiveram que ir trabalhar muito cedo, a minha mãe com sete anos foi trabalhar para os Condes de Riba D'Ave, conta ela que era tão pequena quando para lá foi que ao dar a sopa ao filho dos patrões que era ainda mais novo que ela , este conseguiu pegar na colher e abrir-lhe a cabeça.

Uma sardinha tinha que dar para os quatro, comia sopa de urtigas pois a tia não tinha mais que lhes dar, e para lhes adoçar um bocadinho a amargura da vida , a tia que vendia doces na praça trazia as migalhas para eles comerem.

A minha mãe passou fome, passou frio pois andava descalça, a tia não tinha dinheiro para os vestir e calçar, mas o mesmo acontecia com os seus próprios filhos, não havia descriminação. 

A minha mãe hoje conta estas histórias mas não com rancor, e sim com alegria pois se não fosse assim, agora não seria a mulher que é, uma grande mãe e uma grande mulher, só tem a quarta classe mas isso a mim não me faz qualquer mossa, é minha mãe e amo-a incondicinalmente e tenho medo de a perder.

A História da Diana

Filha de uma mulher deficiente profunda, que julga a Segurança Social, terá sido violada, foi abandonada, pois nenhum familiar quis cuidar dela, com medo que ela fosse  deficiente como a mãe, abandonada, andava na rua com apenas três anos de idade, os vizinhos é que alimentavam, pois mais niguém o fazia, andava com a fralda o dia todo,como andava na rua fizesse frio ou calor, os timpanos furaram, a Diana deixou de ouvir, associado a isso deixou de saber falar, daí além do deficit cignitivo herdado da mãe a falta de estimulo a nivel de aprendizagem que todos os pais ou familiares dão aos flihos, a ela foi-lhe negado, tal como a avó foi entregue aos cuidados de outrem, e foi para uma instituição.

Ao contrário da avó não teve que ir trabalhar cedo, foi adoptada, ao contrário da avó a partir dos quatro anos, deixou de passar fome, ao contrário da avó deixou de passar frio, ao contrário da avó,agora tem uma família, ao contrário da avó está a estudar para mais tarde ter um trabalho condigno, mas tal como a avó agora tem amor, carinho, a avó teve uma tia que lhe dava isso em pedaços muito pequenos, a Diana tem isso em pedaços muito grandes

Mas estas duas histórias estão tão ligadas, não por laços de sangue mas por uma história de vida.

A avó tem na neta um reflexo da sua vida e com a qual de identifica.

 

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