O DIA EM QUE VOU MORRER!!!!!!!!!
Estranho?
Nem tanto.
Depois de leres este texto se ainda achares que estás vivo, óptimo!
Caso contrário, é bom repensar se ainda existe algum sopro de vida aí dentro.
Vou-vos contar como tudo aconteceu.
O dia em que vou morrer acontecerá quando acreditar que existiam vidas mais importantes e preciosas do que a minha.
O mais estranho é que eu chamo a isso humildade.
Nunca pensei na possibilidade abandono, abandonar-me a mim própria.
Morro mais um pouquinho no dia em que acredita numa vida ideal, estável, segura e confortável.
Não saber lidar com as mudanças. Elas aterrorizavam-me.
E lá veio uma mudança drástica na minha vida, isto depois da adopção.
E tive que lidar com ela, caso contrário tinha morrido nesse dia.
Depois virão outras mortes.
Irei recordar-me que começarei a perder gotículas de vida diária, a partir do momento em que passarei a consultar os meus medos em vez do meu coração.
A partir desse momento começarei a agonizar mais rápido e a ser possuída por uma sucessão de pequenas mortes.
Morro no dia em que meus lábios disseram não.
Enquanto o meu coração gritar, sim!
Morro no dia em que abandone um projecto pela metade por falta de disciplina.
Morro no dia em que me entregue à preguiça.
Morro no dia em que decidir ser ignorante, cruel, egoísta e desumana comigo mesma.
Vocês pensam que não se decidem estas coisas?
Lamento.
Decidem-se sim!
Sempre que trocas uma vida saudável por vícios, gulodice, sedentarismo, alienação intelectual, emocional, espiritual, cultural ou financeira, estás a fazer uma escolha entre viver e morrer.
Morro no dia em que decidir ficar num mau relacionamento, apenas para não ficar sozinha.
Quando perceber que troquei afecto por comodismo e amor por amargura. Morro outra vez, no dia em que abandonar os meus sonhos por um suposto amor.
Confundir relacionamento com posse e ciúme com zelo.
Morro no dia em que acreditar na crítica de pessoas cruéis. A pior delas? Eu mesma.
Morro no dia em que me tornar escrava das minhas indecisões.
No dia em que prestei mais atenção às minhas rugas do que aos meus sorrisos.
Morro no dia que invejei , cusquei e difamei.
Sem me aperceber que me tinha tornado uma vampira da felicidade alheia.
Morro no dia que acreditar que o preço era mais importante do que valor.
Morro no dia em que me tornar competitiva e ficar cega para a beleza da singularidade humana.
Morro no dia em que troque o hoje pelo amanhã. Querem saber o mais estranho? O amanhã não chegou.
Ficou o vazio… Sem história, música ou côr.
Não morro de causas naturais.
Vou ser assassinada todos os dias.
As razões desses abandonos foram uma sucessão de desculpas e equívocos. Mas ainda assim foram decisões.
O mais irônico de tudo isto?
As pessoas que vivem bem não têm medo da morte real.
As que vivem mal é que padecem desse sofrimento, embora já estejam mortas. É dessas que me despeço.
Assinado,
Eu .