SER MÃE SOLTEIRA É TÃO DIFÍCIL!!!!!!!!
Eu nunca me imaginei na situação que estou hoje.
Na minha cabeça adolescente (que durou até aos trinta e cinco anos..haha), eu teria primeiro, um trabalho certo, depois conheceria o amor da minha vida e depois teria filhos, tudo nesta ordem.
Não acreditava que uma mudança na posição dos acontecimentos me poderia fazer feliz, porque não era meu ideal de vida.
Mas a vida dá cada volta.
O emprego certo deixou de o ser, quem pensa que tem um emprego certo tire daí o sentido.
Conheci o amor, o amor verdadeiro duas vezes e tal como o emprego não é certo.
Ter filhos, estéril, fiquei estéril.
Mas acontece que hoje sou uma mãe solteira, estou longe de ter um emprego, e casamento é algo que nem me passa pela minha cabeça.
Apesar de parecer estranho, eu sou bem feliz.
TODOS OS DIAS.
Sinto-me em paz com minha vida e com quem eu sou.
Sinto-me amada e amo as pessoas.
Valorizo sentimentos, não coisas.
Consigo todos os dias me sentir-me como na infância, pois tenho uma filha que respira esta casa e me ensina todos os dias.
Este é o meu cenário, mas não estou dizer que as coisas são fáceis.
Na verdade, as coisas são bem difíceis e vou explicar porquê.
Mães solteiras enfrentam o preconceito, porque ousaram ter filhos, sem um casamento que justificasse a existência da criança.
Neste caso, toda a gente coloca as mulheres que estão nesta posição como se fossem todas iguais, e aí, lá vem o rótulo!
Nem vale a pena repetir os impropérios que a sociedade machista ainda impõe ás mães que criam filhos sozinhas.
Mas vale aceitar as inúmeras traições de um casamento de faz de conta, ou então engolir o choro por ser maltratada todos os dias por um homem que não nos sabe dar valor, pelo menos estamos casadas, certo?
Não é fácil ser mãe solteira, porque as pessoas te reduzem um pouco todos os dias, julgam quem tu és, mesmo sem ter trocado uma mísera frase contigo.
Além disso, tratam-te como uma coitadinha abandonada ou como uma espertalhona qualquer.
Há quem não entenda que aquela criança pode ter sido fruto de um amor de anos, de um desejo intenso, tão intenso que fazia ferida, qu lambia a ferida, que a mãe se doa completamente todos os dias, se parte em mil, deixa até de existir como indivíduo para que o filho cresça com dignidade e seja uma boa pessoa.
É difícil ser mãe solteira, porque a mulher também precisa de trabalhar, pagar as contas, tratar das tarefas domésticas, escovar os dentes, dormir, sair, dançar, namorar, beijar, abraçar, ser abraçada.
É difícil porque falta espaço na agenda do tempo para tantas coisas juntas que precisam ser feitas para que a criança cresça saudável, cuidada, feliz, para que os dentes não acumulem tártaro e cáries por falta de cuidado.
É difícil ser mãe solteira, porque a mulher não consegue parar um minuto para curtir um momento só dela, porque as necessidades da criança sempre vêm em primeiro lugar, obviamente.
Ter tempo também para assistir a uma série ou ler o capítulo de um livro, é necessário planear e virar a agenda de de pernas para o ar, caso contrário, esquecemos mais um dia que não deu para fazer algo por nós mesmas.
É difícil ser mãe solteira, porque tem sempre aquela presença ausência da figura paterna na vida da criança.
A mulher precisa saber que é o mar em que o filho vai desaguar as lágrimas por não ter um pai.
É difícil ser mãe solteira, porque há um dia em que parece que não vamos não vai dar conta do recado, que vamos desconjuntar, desequilibrar, desfalecer diante de tanta pressão para que ela sejamos perfeitas em tudo que fazemos.
É difícil também não ter com quem compartilhar as maravilhas que vemos todos dia pelos olhos de uma criança, ou ter alguém para deitar a cabeça no ombro e dizer “estou cansada, posso dormir um pouquinho tomas conta dela?”.
É difícil passar a vida toda nesta tarefa de mãe 24h, sem ouvir um elogio, uma palavra de incentivo a respeito do bom trabalho que fazes.
Tantas as reclamações!
Que vida triste, certo?
Errado.
A nossa vida só é triste se a gente assim a quiser ver.
Quem disse que felicidade tem um livro de instruções?
Pois se tiver estou a escrever um alternativo.
Chama-se “Minha vida é muito boa e eu gosto muito dela”.
Eu falo todas estas coisas porque uma vez ou outra, ouço por aí comentários sobre a minha classe, a classe das mães solteiras e fico sempre indignada com os absurdos que ouço.
Por isso, vocês que me lêem, entendam: este não é um texto cheio de reclamações ou que tem o objetivo implícito de fazer todas as mães solteira de vítimas.
O que almejo é o contrário,mostrar que a vida pode ser bastante difícil se a encarararmos dessa forma.
Pensam que fico matutando sobre estas “dificuldades” no meu dia a dia?
Claro que não.
Prefiro aproveitar o tempo que a vida me dá para ser bem feliz com quem sou e com as pessoas que amo.
E desejo a todas aquelas que estão na mesma situação essa mesma clareza de que não existe fórmula mágica no nosso modo de viver, o que a gente tem que aprender é a olhar com mais amor.
Só isso.
Eu estou a conseguir.
Espero que vocês consigam também.