A minha filha na Quarta pediu para ir a uma festa na escola " Festa da noite Branca", festa essa a acontecer na Sexta Feira.
-Não.
Foi a minha resposta
-Porquê?
-Em tempo de aulas não há festas.
-Porquê?
-Porque tens um e apenas um teste a cada disciplina e tens que estudar para passar de ano.
-Mas eu levanto as notas ( tem 4 negativas).
-Não e não.
A minha filha sabe que por andar no ensino especial, transita de ano, mas a mãe não quer que isso aconteça só porque sim, tem que adquirir conhecimentos, podem ser poucos, mas tem que ser.
Acatou o meu Não.
Na quinta começa o chorrilho de mensagens, queria ir à Festa Branca, que se ia aplicar, isto no total são 30 mensagens, pois ainda não respondi à primeira e já começam a entrar mais 2 ou 3, ligo-lhe de imediato, pis detesto mensagens, sempre detestei.
Entretanto toca o telemovel, não conhecia o número mas atendi.
Era a Mãe da miúda com quem ela iria à festa.
Diz que só deixa a filha dela ir se fôr com a minha, pergunto:
-Porquê?
-Por que a Diana é muito ajuizada e eu confio nela.
-Pois mas a Diana não vai.
-Mas pode estar descansada porque eu vou buscá-las à meia noite e vêm logo para casa e amanhã acordo-a para ir ao ATL.
E expliquei porquê
-Eu sei disso e não duvido da Senhora, mas chegar a casa deitar e não deitar, depois sei como são a miudas pois ainda ficam na conversa, logo, vai-se deitar tardissimo e não vai ter rendimento nenhum no dia a seguir.
-Tem toda a razão, a minha filha vai chumbar, diz-me a Senhora.
Respira Paula, respira fundo
- Mas devia explicar isso à sua filha e não a devia deixar ir.
-Se não a deixar ir ela fica revoltada e é pior.
Respira Paula, respira ainda mais fundo.
-Pois!!!Entendo, mas a Diana não vai, e eu já a tinha convencido disso e agora ela está farta de me chatear, além disso não pode pôr em cima das minhas e das costa dela essa responsabilidade, a filha da Senhora deve ter mais amigas.
-Mas eu só confio na Diana.
-Pois!!! Mas eu não volto com a palavra atrás, e além disso no Sábado ela tem ATL e tem que ir, porque no próximo Sábado tem uma actividade nos escuteiros.
-Pois, a filha da senhora tem essas atividades a minha não, e se eu não a deixar ir então é que não estuda mesmo.
-Mas a Diana não vai, e mais uma vez lhe peço, não nos coloque essa responsabilidade nas costas.
Eu entendi a Senhora, entendi perfeitamente, é mãe solteira com duas filhas, o pai é ausente, não tem o suporte familiar que eu tenho e trabalha por turnos, tendo que deixar as miúdas entregues a elas próprias, não lhe invejo a vida que tem. Alíás esta é a vida dela e de muitas mães, eu é que tenho sorte.
Continuam as mensagens da minha filha.
Solução para esta situação.
-Vais jantar fora com a mãe e com os meus amigos.
-O restaurante tem entradas?
Santa inocência, que hei-de eu fazer com esta miúda
-Claro que tem, todos têm.
-Ok, ou contigo
Problema resovido, foi comigo ao Sushi, comeu que se fartou e ficou toda contente.
O mundo está cheio de nãos e eles nem querem saber!!!
Dizer não faz parte da educação dos filhos. Já pararam para pensar como é difícil? Dá muito trabalho! Gera birras, caras feias, manhas,discussões mas é importante o Não! Então depois de um longo dia de trabalho, quando chegamos a casa cansados, fisica e psicologicamente e ainda temo pela frente uma boas horas de trabalho "caseiro", o SIM é mais fácil que o NÃO.
Criamos os filhos para a vida, sendo que ela muitas e muitas vezes nos diz não. Há muitas coisas que simplesmente não são permitidas e temos que lidar com isso. Como aprender, então?
Uma das maneiras possíveis é por meio da negação, da privação e da frustração. Queremos que nossos(as) filhos(as) tenham sempre tudo, mas não é possível. Ao permitirmos tudo e dizermos sempre sim, estamos a ensinar que na vida tudo pode e que a vida tudo nos propicia. Seja na escola, no parque ou em casa de amigos, por exemplo, a criança passará por situações em que o brinquedo ou objeto que quer lhe será negado. E essa criança precisa ter instrumentos psíquicos para saber lidar com isso e ensinar sobre a palavra “não” é extremamente importante.
Isso é obviamente desgastante e requer tempo, ensinamento, diálogo e paciência, sendo que este último item depende de ambas as partes. Na maioria das vezes é realmente mais fácil concordar e permitir, afinal, depois de um dia cansativo, ter que lidar com stress em casa é a última coisa que queremos. Mas educar é isso. É uma constante. É um processo que não permite que deixemos para depois. Educar também é dizer não.
Dizer não faz parte da educação
Atualmente vemos uma crescente queixa em níveis escolar e familiar sobre a falta de limites infantil. Estão a ser criados “monstrinhos” que não obedecem, crianças que ao menor sinal de contradição se rebelam e que tornam a convivência difícil. São efeitos da falta de “não”.
Paremos para pensar: limite é uma linha invisível e impeditiva. Quantas linhas invisíveis existem no mundo? Não podemos simplesmente sair nus por aí. Não podemos dizer tudo o que queremos a todos. Essas são algumas das linhas invisíveis da vida. Como as adquirimos? Aprendendo que nem tudo é possível. Essa aprendizagem pode ser mais doloroso ou mais suave. Uma criança que sempre pode tudo sofrerá ao deparar-se com uma linha invisível . Um indivíduo que aos poucos foi aprendendo e vivendo a frustração passará por isso de forma mais natural.
Dizer não também é segurança
Proibir e dizer não também dá segurança, uma vez que a criança não se sente tão solta e perdida. Ela sabe que está protegida, que também que tem alguém a cuidar dela, pela sua saúde, por sua integridade física e também psicológica. Sabe que não corre perigo, que é amada e cuidada.
Isso não quer dizer que o não deve estar sempre presente. O não deve ser usado na hora certa. Há coisas que são permitidas e o sim deve estar tão presente quanto o não. Equilíbrio é fundamental.
É bom ter sempre em mente que tudo, o sim ou o não, deve ser sempre acompanhado de carinho e atenção. É um exercício, requer vontade e acima de tudo amor. Educar é querer o melhor. É preparar para a vida. E a vida pode ser bonita e pode ser dura. A maneira de encará-la vai depender sobretudo dos instrumentos que adquiriu, e esses cabe-no a nós pais, fornecer-lhes.
Com a minha filha há um equilibrio entre o SIM e o Não, sei que quando é Não fica amuada,passa rápido, faz parte da maneira de ser dela, mas tento, por mais que ela não queira explicar o porquê.
Dou-vos um exemplo:
Uma ida ao cinema com os amigos, sessão das 17H45, à partida não gostei, pois sabia que a chegada a casa seria por volta das 8, tentei convencê-la a mudarem a hora da sessão, levei um não, a minha vontade? Não a deixar ir, mas deixei.
Afinal a sessão era às 18h45, adolescentes!! Tão desorganizados, tão à toa, tão cabeças no ar.
Fim da sessão, 9h, a minha filha ainda tinha que vir para casa, noite, já escuro, veio a pé, sozinha.
Minha mãe diz que sou muito fria, que devia ir buscá-la a meio do caminho eu digo:
- Não!!! vai aprender com as parvoices que faz
Minha mãe vai para o quarto triste e preocupada..
Eu fico no sofá zangada e preocupada devido à insensatez destes muidos.
Recebo uma mensagem:
" Mãe desculpa"
Fiquei à espera com o coração nas mãos, do Norteshopping a casa pelo menos meia hora de percurso, noite, escuro, mas pensei:
As coisas más não acontecem só à noite.
Fiquei a aguardar.
A chave na porta, CHEGOU.
Um misto de alívio e raiva.
Jantou, com pouca vontade, jantou, porque ao lado dela estava a mãe a dar-lhe um sermão daqueles
-Mãe não volta a acontecer, não tenho vontade de comer, vou tomar duche e vou para a cama.
Estava segura, teve medo, mas aprendeu a lição.
E eu estive perto de um enfarte, faltou pouco.
Adolescência, Inconsciência, e mais um rle de coisas que me tiram do sério!!!!
No final foi um SIM que se tarnsformou num Não, mas um Não vindo dela, eles sozinhos chegam ao Não, pelo menos a minha chegou,