Em sua essência a vida é monótona. A felicidade consiste pois numa adaptação razoavelmente exacta à monotonia da vida. Tornarmo-nos monótonos é tornarmo-nos iguais à vida; é, em suma, viver plenamente. E viver plenamente é ser feliz. Os ilógicos doentes riem - de mau grado, no fundo - da felicidade burguesa, da monotonia da vida do burguês que vive em regularidade quotidiana e, da mulher dele que se entretém no arranjo da casa e se distrai nas minúcias de cuidar dos filhos e fala dos vizinhos e dos conhecidos. Isto, porém, é que é a felicidade. Parece, a princípio, que as cousas novas é que devem dar prazer ao espírito; mas as cousas novas são poucas e cada uma delas é nova só uma vez. Depois, a sensibilidade é limitada, e não vibra indefinidamente. Um excesso de cousas novas acabará por cansar, porque não há sensibilidade para acompanhar os estímulos dela. Conformar-se com a monotonia é achar tudo novo sempre. A visão burguesa da vida é a visão científica; porque, com efeito, tudo é sempre novo, e antes de este hoje nunca houve este hoje. É claro que ele não diria nada disto. Às minhas observações, limita-se a sorrir; e é o seu sorriso que me traz, pormenorizadas, as considerações que deixo escritas, por meditação dos pósteros.
Existe um tempo para fazer coisas e um tempo para não fazer nada.
Hoje em dia é muito difícil ficar sem fazer nada e não nos sentirmos culpados com isso.
Ficar sentado a olhar para o ar para os pés, sonhar de olhos abertos ou fechados, como queiram, ou passar uma hora a comtemplar algo pode ser uma maneira de regenerar e nos tornarmos mais eficazes, porventura até mais felizes, mais bem dispostos.
Quebrar com a rotina das horas, interromper o tempo, e deixar passas a vertigem dos dias, diluir a angústia das noites, estas podem ser as várias maneiras de sobreviver no meio do caos onde vivemos.
Temos sempre a ideia de que não há tempo a perder, que tudo é importante e não pode ser adiado, é tudo para ontem, mas contudo pode não ser completamente verdade.
É preferivel fazer, de vez em quando uma pausa para olhar pela janela do escritório ou de casa do que entrar numa espiral e acabar numa janela de um hospital a ver as horas passar,isto numa situação extrema, mas como sabem elas existem, não estou a falar de nada que nunca tenham visto acontecer, eu vi, eu presenciei, mas foi uma situação tão extrema que levou à morte. Falarei sobre isso.
Vale a pena pensar nisto, mudar de atitude, dar como bem empregues todos os momentos perdidos sem fazer absolutamente nada.
Todo o tempo que passarmos a aprecar as coisas simples da vida é tempo ganho.
Temos por hábito pensar que os poetas ou os literados são pessoas alienadas, não são deste mundo, mas a maneira como olham para as coisas, a maneira como ouvem os ruidos, estão de facto a tentar perceber o essencial, não lhes dá um ar de pessoa muito ocupada, estão a ver o essencial, estão concentrados no que para eles é importante e que lhes servirá de fonte de inspiração.
Nós que não somos poetas podemos contudo fazer um esforço por mostrar de quem não é deste mundo, e podemos ficar a pensar na vida, a lembrar dos bons velhos tempos, a jiboiar.
Basta não cair no exagero, ter conta e medida, e saber aproveitar estes pequenos momentos para relaxar, criar um vazio que contudo regenera, e estamos a garantir a nossa saúde mental como a boa forma espiritual.
Poderá haver quem diga, mas com filhos pequenos onde temos tempo para tal?
Aproveitem uns minutinhos da sesta da criança , eu bem sei que esses momentos são aproveitados para tratar de coisas que estão atrasadas, mas se não puder fazer hoje faça amanhã, e verão que depois de retempradas as energias fará tudo com mais eficácia.
Também podem dizer, mas a criança dorme pouco, a sesta é muito curta, deitem-se ao lado dela, mesmo que não tenham sono e fiquem a olhar para o vazio, a recarregar baterias, ou simplesmente fiquem a deliciar-se com o cheirinho do bébé,a sua respiração, TUDO.