Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
Em todas as histórias de amor existe um gato.
Corrijo.
Em quase todas
Um gato escondido com o rabo de fora.
São aquelas histórias das quais fujo.
Não quero ouvir.
Pois sendo descrente quanto ao amor, assim a coisa piora.
Mas gosto de ouvir histórias de amor, gosto de conhecer pessoas que têm um casamento longo, isto nos dias que correm é coisa rara.
Digo do fundo do coração que fico muito feliz.
E para mim é a luz ao fundo do túnel, mas......
Há sempre um mas...........
A Paula ficou viúva muito cedo.
Tinha duas filhas .
O marido morreu de repente, tinha 47 anos.
Fiquei incrédula.
Não queria acreditar.
Já não tinha ligação com a Paula.
Somos vizinhas.
Isto é vivemos muitoperto uma da outra.
Mas no entanto tão distantes.
Mas já não falavamos.
Não por estarmos zangadas.
Mas porque ela escolheu o seu caminho.
Andamos a estudar juntas fomos grandes amigas, mas assim que começou a namorar com o falecido marido deixou tudo e todos para trás.
Continuei com a minha vida.
Ela continuou com a dela.
Encontramo-nos quando a minha filha andava na piscina.
Sempre vestida de preto.
Não largava o preto.
O marido tinha morrido.
Logo o PRETO, sempre o PRETO.
Falamos de trivilidades e sobre as nossas filhas, ela tem duas e eu uma.
Trocamos números de telemóvel.
Começamos a trocar mensagens.
Às páginas tanto uma mensagem dela a convidar-me para tomar o pequeno almoço.
Lá fomos.
Achei estranho, confesso.
Conversamos, relembramos velhos tempos.
Até que de repente a Paula começa a chorar copiosamente.
Não entendi.
Bem entendi, o marido tinha morrido, era viúva.
Só que entretanto.
Começou a desabafar.
Após a morte do marido, descobriu que este tinha amantes por todo o país, uma delas era vizinha deles e foi ao funeral.
Continuei calada.
Descobriu porque após 15 anos de casamento, e após a morte do marido decidiu finalmente ir ao computador dele.
Viu tudo no facebook.
Mas foi o telemóvel o causador desta história toda.
Quando foi à polícia buscar o carro do marido, estava lá o telemóvel e entre outras coisas, preservativos
Para que precisava ele de preservativos, estando a trabalhar?
A pulga atrás da orelha.
Pediu para desbloquear o telemóvel pois ela não sabia a password e BAMMMMM!!!!!!!!!
As mensagens.
Mulheres, uma data delas.
Com uma já tinha um relacionamento de 6 anos.
Perguntei qual era a sua maior dôr, a morte ou saber o que soube.
A Paula responde.
-Saber.
Eu disse apenas:
-Nunca contes ás tuas filhas, deixa-as ficar com a imagem que têm do pai.
Eu não sabia o que dizer, sério!!!!!!!!!!
-Não claro que não conto.
E chorava, eu continuava a não saber o que dizer, ouvi apenas ouvi.
Preferia tapar os ouvidos, não ouvir, não esta história, queria acreditar e fez-me deixar de acreditar cada vez mais, por isso não queria ouvir.
A Paula confiava tão cegamente no marido que nunca se deu ao trabalho de ir ao computador, que segundo ela:
-Estava na sala, mesmo à minha frente, nunca tive curiosidade!!!!!!
É normal, também sou da opinião que não temos o direito de invadir a privacidade das pessoas, seja marido, companheiro, sejal lá o que fôr.
A unica privacidade que podemos "invadir" é dos nossos filhos e por mim falo.
E chorava.
Agarrei-lhe na mão e não soube o que dizer.
Que mais poderia eu fazer?
Ele trabalhava por turnos, ela também, as filhas muitas das vezes iam para os avós, pois a Paula alturas havia em que tinha formação em Inglaterra, numa dessas ocasiões o marido esteve lá em casa casa com uma das amantes durante uma semana.
Dormiram na sua cama.
A cama que era suposto ser apenas dos dois.
Oh Meu Deus que hei-de dizer?
Continuei a ouvir
Nunca teria desconfiado? Nunca houve sinais? Se os houve não os quis ver?
Questionei-me tanto depois desta conversa!!!!!!!!
Os vizinhos de certeza que viram, mas todos se esconderam atrás da porta, quem não o faria? Quem teria coragem para lhe contar, sabendo que ela amava aquele marido tão cegamente?
Se eu tivesse visto, se eu soubesse que faria?
O mesmo provavelmente, pois entre marido e mulher não metas a colher, e eu sabia que ela o amava cegamente.
Por isso tanta dôr.
Tanto ódio.
Tanta angustia.
Zangou-se com a família do marido pois diz ter a certeza que eles sabiam.
Saberão?
A dúvida vai sempre pairar no ar, pois a Paula nem pôem em causa questioná-los, confrontá-los.
Era filho de alguém, irmão de alguém que o vão defender sempre e para sempre.
Vive de amarguras.
Vai ser uma eterna desconfiada.
Pode ser que isto a ensine.
Talvez tudo seja diferente numa próxima relação para a qual não está "virada".
Não falo na invasão de privacidade do companheiro, como é óbvio.
Isso é matar a relação antes de esta começar.
Falo de não amar tão cegamente
Disse-lhe par não virar as costas a uma nova relação.
Para não se fechar.
Eu a dar este conselho, eu
Diz que não.
Mas sinceramente não acreditei nas palavras dela.
Vive para as filhas.
Pode ser, um dia.
Mais tarde.
Quem sabe.
As relações são sem dúvida um gato escondido com o rabo de fora.