O ser humano é muito contraditório, faz parte da nossa natureza, por exemplo eu como mãe se a minha filha está em casa, resmungo por andar descalça, não gosto, resmungo porque o avô está a brincar com ela e como não entende fica zangada e às vezes responde-lhe "torto", não gosto mas o meu pai adora, já faz de propósito, chamo-a ao quarto e dou-lhe um sermão daqueles " respeitar os mais velhos, acima de tudo os avós, pergunto-lhe mil vezes se lavou os dentes, se tomou pequeno almoço, eh! pá! eu sou como ela diz, muita chata, eu sei que sou.
Agora que já lá vão quatro dias que não está em casa, sinto falta dela, está um silêncio sepulcral, quando ela está eu peço um bocadinho de silêncio nem que seja para ler duas páginas do meu livro, para me concentrar, somos ou não contraditórios?
O avô já pergunta quando ela volta, faz-lhe falta, a avó sente falta mas não transmite verbalmente.
Não me importa que esteja agarrada ao tablet ou ao telemóvel, mas está aqui, a cantar o despacito ou lá como se chama a música, que já me cansa de tanto ouvir, mas está aqui.
Quando chegar vai estar com uma disposição daquelas!!!!! seis dias de atividades e três ou quatro horas de sono!!! já preveni toda a gente, mas já estamos habituados com os outros acampamentos, por dormir pouco, pois em casa dorme nove a dez horas, fica insuportável, precisa de pelo menos dois dias para voltar ao estado normal.
Quando chegar quero um abraço mas não mo vai dar, nem a obrigo, agora o beijo esse não perdoo, dou-lhe um "abraxinho" passados três dias, o que eu quero fundamentalmente é que volte e ouvir o despacito ou lá como se chama a canção:)
Devo dizer que não ne recordo quando a Diana me começou a chamar mãe, não registei nem dia, mês, aceitei este nome tão naturalmente como se ela fosse a minha bébé e começasse a falar, e a primeira palavra fosse essa.
Mas ante disto acontecer a assistente social ligou para saber se estava tudo a correr bem e perguntou de imediato se a Diana já me chamava mãe, e eu disse a verdade, não, não me chama, indignada, passou-se porque na opinião dela a Diana já o devia ter feito, a minha opinião era bastante diferente, quando criança me visse como mãe começaria a pronunciar a palavra, ela tinha tanta informação para processar, que há que dar tempo ao tempo, e de repente, BAM, mãe, mãe mãe.
O mais caricato é que após me começar a chamar mãe e como era uma tagarela era mãe a todo o minuto, Oh mãe, mãe, mãe, bastava eu estar distraida com algo que ela repetia a palavra sem exagero uma 5 vezes, ainda hoje o faz, às vezes estou com o pensamento em outro sitio e como não a estou a ouvir, e ela sabe, lá começa, mãe, mãe, mãe " não ouviste nada do que te disse pois não?"
"Não filha repete outra vez" e assim o faz.
No trajeto de casa até à escola e meu respetivo emprego, que como já referi era mesmo ao lado, e na boleia do meu pai pois eu não conduzo, ainda sem o efeito da medicação ela repetia a palavra mãe, mais de 5 vezes era impressionante, esta palavra esteve presa no coraçãosito dela durante tanto tempo e agora estava a expulsá-la mas de uma maneira vertiginosa.
O meu pai no trajeto disse 2 coisas que não me esquecerei mais:
1ª - Como te sentes ao ovi-la chamar-te mãe?
- Normal pai, é como se já mo chamasse desde sempre
2ª ( a mais engraçada de todas)
- Se eu fizesse uma viagem de carro com vocês até ao Algarve, a meio do caminho, nem tanto, dava a volta e vinha para trás, é que a miúda parece um papagaio e gasta-te o nome ( mãe), eu ficava louco:)
Foi engraçado, há coisa que nos ficam gravadas e não se apagam, vão para a gavetinha do lado direito, sabem aquela onde guardamos as boas memórias, vocês sabem qual é.