UM SILÊNCIO ENSURDECEDOR!!!!!!!!!!!!
O silêncio da noite é gritante.
Esta foi a essa conclusão a que cheguei.
De onde saiu esta frase tão filosófica?
De um comentário sobre o barulho das planatas durante a noite.
Sim as plantas falam, falam à noite para que não as psssamos ouvir.
À noite se deixarmos as janelas abertas e fecharmos os olhos, escutaremos facilmente o barulho das árvores de nossos quintais ou jardins.
Sim, só no silêncio da noite, escutamos o ruído das árvores, o barulho surdo de seus frutos a cair, o movimento do vento, os animais a cantar uma sinfonia que, durante o dia mergulhados no barulho incessante e na nossa rotina frenética, não somos capazes de ouvir.
Ouço o barulho dos aviões,decolam e aterram o dia todo.
Inicia às 4h da manhã, quando o silêncio impera e pode ser ouvido em todo seu tamanho e imponência. Mesmo não morando perto do aeroporto, às vezes tenho a impressão de que eles estão a planar bem por cima de nós de tal modo que podemos acenar e os passageiros veêm-nose acenam-nos de volta.
É, no mínimo, assustador, mas com o tempo lá nos fomos habituando.
Assustador como os pensamentos que nos assaltam antes de dormir. Aqueles que tentamos ignorar durante o dia com todos os nossos afazeres, aqueles que são tão apavoradores que não podem ser verbalizados, aqueles pensamentos que são a materialização de nossos maiores medos e nossas tristezas mais profundas.
Caetano Veloso canta sobre o silêncio da noite.
O silêncio da noite é mesmo cortante.
Agressivo, porém verdadeiro.
Ele remove o véu que é usado para encobrir aquilo que não queremos ouvir e deixa gritar alguns detalhes que, durante o dia, são só detalhes.
O silêncio da noite é o embaixador das nossas intensões e intensidades, arrependimentos dolorosos e conflitos mais cansativos.
Paradoxalmente, são também um aviso sobre os detalhes mais simples que nos passam despercebidos. Detalhes estes que, por mais irrelevantes, merecem não passar ao lado.
Pois é, esse tal silêncio solitário da noite pode ser incómodo, chato e até assustador, mas tem muito a revelar e a ensinar sobre nós mesmos e o mundo, por isso é tão necessário.
Neste momento reina cá em casa um silêncio ensurdecedor, a miúda não está, foi fazer o Caminho de Santiago com os escuteiros.
Já não tenho o som da sua respiração quando dorme.
Já não temos os ralhetes com o gato quando este lhe espeta uma unha.
Já não temos as quezilias à mesa quando os avós decidem contrariá-la.
Já não temos os disparates quando fala de coisas que não entende mas acha que sim.
Neste momento o pior silêncio é o do dia.
O da noite passa rápido.
O dia custa a passar.
Sem dúvida isto é um teste para quando ela bater asas.
Aquilo que aqui foi dito sobre os filhos serem do mundo, prevalece.
Aquilo que foi dito sobre os filhos ganharem asas e partirem prevalece.
Mas neste momento deixem-me lamber as minhas feridas, sem que ela se aperceba.
Quando partiu eu estava doente.
Liga-me todos os dias, ao contrário de outros acampamentos e viagens.
Mas este silêncio é ensurdecedor, acreditem.
Com ou sem saídas ela faz-me falta.
Faltam as mensagens quando saio, a dizer a hora a que devo chegar.
Faltam as sucessivas mensagens a contar tudo o que está a fazer.
Estou mal habituada, mas provavelmente será por estar mais sensível devido a esta gripe.
Quarta Feira já passa e com toda a certeza já me quero ver livre dela outra vez