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mãedocoraçãosoueu

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VAMOS LÁ FALAR DE DEPRESSÃO!!!!!NÃO VAMOS CONFUNDIR AS COISAS!!!!!!!!

 

Depressão: para muitos é frescura.

Para outros: falta de fé.

Para alguns: preguiça.

E por aí segue a linha de rotulações e definições que mais empurram esse alguém para o fundo do poço do que propriamente ajudam.

Infelizmente vivemos numa sociedade que não compreende a depressão.

Eu há alguns anos, convivi com esse monstrinho que deixa o nosso mundo tão sem cor, sem vida e sem sentido.

Levantar de manhã era um peso.

Amanhecer e perceber que temos que enfrentar o dia, quando tudo está tão vazio e triste dentro de nós, é uma batalha.

Para alguns isto é “falta de gratidão pela vida”.

E sabem uma coisa?

Eu durante muito tempo culpei-me e culpei os outros.

Achava que estava desperdiçar o dom da vida e isso ainda me deixava ainda pior!

Mas depois compreendi que a dor que me incapacitava; não era umaa dor física, mas uma dor da alma.

Havia dias em que eu comia loucamente, outras não conseguia comer nada.
Ter que conviver com as pessoas desgastava-me muito.
Sentia-me incomodada em todos os lugares que ia, não via o tempo passar e tudo, literalmente tudo, não tinha graça nenhuma.

E novamente eu voltava para casa a pensar que eu era um problema.

Depois de algum tempo eu parei de sorrir e de vestir uma máscara.

Não era lá tão sociável e fui intitulada de “chata”.

Mal sabiam aquelas pessoas o quanto eu precisava ser forte para estar ali entre tanta gente.

Eu sentia-me sozinha, mesmo na multidão.

Eu não sentia que tinha espaço em lugar algum e na vida de ninguém.

E então chegava a noite e dormir tornou-se o meu refúgio.

Assim, o tempo passava mais depressa e quem sabe amanhã essa dor já teria passado. 

Mas entretanto vinha a madrugada e, com ela, acordar com o peito angustiado.

E novamente eu lavada em lágrimas.

Sabem, ninguém, NINGUÉM quer sentir-se assim.

Ninguém gosta de sentir tanta tristeza ao ponto de se sentir impotente.

Ninguém gosta de não ver o que de bom tem a vida, as coisas, os amigos e os lugares.

Ninguém gosta de sentir que carrega um peso nas costas sempre que sai de casa.

De se olhar no espelho e não contemplar a sua beleza.

De não sentir vontade de se cuidar, de se amar e só querer dormir para o tempo passar rápido e assim não sentir mais tanta dor, tanto choro, tanta angústia.

 

Eu lutei.

Não foi fácil.

Precisei reconhecer que  necessitava de ajuda senão aquele bicho – a depressão – só ia me devorar aos poucos.

Não foi do dia para a noite, mas aos poucos lá me fui reencontrando.

Fui ao médico.

Fui diagnosticada.

Crises de ansiedade.

Não era depressão.

Poderia vir a ser.

Fui medicada.

Bem medicada.

Continuei com a minha vida.

Hoje entendo não há problema em estarmos tristes.

Não há problema em chorar e sentir.

Dias maus quem não os tem? 

Problemas existem, mas há sim beleza na vida.

Descobri que as coisas simples são as mais extraordinárias!

Isto não é um texto de superação.

É um texto de desabafo e de reflexão.

Muita gente precisa sim de ajuda e não sabe para onde correr.

A incompreensão das pessoas faz com que muita gente esconda o que sente, por medo de julgamentos.

Quem me dera que todas as pessoas que convivem com esse monstrinho, diariamente se libertassem dessa tal de “frescura”, quem dera que fosse tão simples como um resfriado em que tomamos um chazinho e logo passa.

Ajuda não é julgar isso como falta de religiosidade, de fé, ou qualquer coisa do tipo.

AJUDA é orientar a buscar ajuda, é apoiar, ouvir, compreender.

Empatia resolve muita coisa.

Às vezes, tudo que precisamos é de um espaço para poder falar,deitar cá para fora o que sentimos, sem ninguém julgar ser mais ou menos.

Então, ouça e ame.

Sem julgamentos.

Mas acima de tudo procurem ajuda.

Não cruzem os braços.

Não tenham vergonha.

Porque se não o fizerem entram numa espiral, batem no fundo e voltar à superfície torna-se cada vez ,mais difícil.

Muitas vezes nem precisamos de ser medicados, preciasmos de ser ouvidos por alguém que não nos conhece.

Mas também temos que saber ouvir, senão caso contrário não fizemos nada por nós.

E podemos chegar à conclusão que não temos uma depressão, chegamos à conclusão que apenas não estamos a olhar bem para a vida, para a nossa vida.

Estamos a caminhar pela estrada errada, que nos leva a uma rua sem saída.

E alguém, esse alguém desconhecido ajudar-nos-á a encontrar o caminho certo.

 

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